Cine PE discute amor na maturidade: 'Parece que nos proíbem o tesão'

Cine PE discute amor na maturidade: 'Parece que nos proíbem o tesão'

Estrelado por Analu Prestes e Tânia Alves, "Senhoritas" foi exibido no Cine PE e aproxima duas mulheres idosas que atravessam diferentes visões de mundo

A gente tá aqui pra isso”, responde o avô quando a filha lhe pede para cuidar da neta nas tardes da semana. No canto da sala, a avó observa em silêncio com um olhar secretamente aflito. Será mesmo que ela quer “estar ali” só para isso? Ser uma avó?

Nesta quarta-feira, 11, a mostra competitiva do 29º Cine PE acalentou os corações da plateia com o pernambucano “Senhoritas”, de Mykaela Plotkin, história de uma arquiteta aposentada que começa a perceber um grande incômodo em torno da sua pacatez: para onde foi todo o barulho da “juventude”?

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Esse chacoalho na sua vida aparentemente já tão resolvida acontece por conta de Luci (Tânia Alves), uma grande amiga da época da faculdade que retorna ao Brasil depois de muito tempo como diplomata, conhecendo todas as partes do mundo.

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Seu espírito livre e transgressor, à ordem do que se espera das “senhoras de idade”, apesar da aposentadoria, acaba comovendo Lívia (Analu Prestes) de uma forma feroz. Com subtextos de paixões e desejos escondidos, ela começa a sair para dançar, beber e redescobrir a própria sexualidade - será que sua família vai aceitar isso?

'Parece que nos proíbem o tesão'

O que há de mais interessante na forma como Mykaela constrói esse roteiro é a complexidade de uma personagem que tem dificuldade para traduzir seu próprio limite. Seu marido, interpretado pelo ótimo Genézio Barros, não parece alguém opressor para que ela precise esconder seus “novos” sentimentos. Mas acima de tudo, Lívia tem vergonha é de si mesma.

Ações como virar a noite no bar, dançar com outros homens, viajar sozinha e buscar seu próprio orgasmo sexual, de repente, invadem sua vida como “coisas de outro mundo” a que ela “não tem direito”.

Analu e Tânia formam uma dupla muito cativante, principalmente, pela grande sinergia que exalam juntas. A sincronia é tamanha que nos deixa toda a projeção imaginando tantas das coisas que viveram juntas: elas já foram um casal ou dividem apenas um amor muito forte? Não há flashbacks, sonhos ou monólogos engessados. Tudo o que precisamos para entender o amor entre essas duas “senhoritas” está no presente.

Na manhã desta quarta-feira, 12, Dia dos Namorados, o tema repercutiu na coletiva de imprensa com elenco e parte da equipe. “Na terceira idade, parece que nos negam o tesão, o sexo, a masturbação”, comentou Analu, revelando que foi a primeira vez que ela expôs tanto o próprio corpo no cinema. As cenas de sexo, de fato, são grandes destaques do filme justamente por serem simples, delicadas e diretas.

Cine PE discute amor na maturidade

Louca não, eu estou viva”, Lívia responde sorridente à filha que estava tão acostumada a percebê-la refém da velhice e do seu “papel” na família. Dada a reação emocionada da plateia, com aplausos e celebrações até mesmo no meio do filme, o Brasil terá muito a perder se não conseguir levar “Senhoritas” para as salas de cinema de todo o País.

O 29º Cine PE segue até o dia 15 de junho com cobertura do O POVO.

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